A manchete do jornal The New York Times desta quarta-feira (19) traz uma ampla matéria mostrando a atuação do Facebook junto a outras gigantes da área de tecnologia. A matéria, assinada pelos jornalistas Gabriel J.X. Dance, Michael LaForgia e Nicholas Confessore, mostra que empresas como Microsoft, Amazon, Spotify e Netflix tiveram amplo acesso aos dados dos usuários da rede social.

O jornal teve acesso a documentos do Facebook onde estão explicitadas as práticas de compartilhamento de dados da rede social. O material mostra ainda que os dados pessoais dos internautas se tornaram a mercadoria mais valorizada da era digital, negociada em larga escala por algumas das empresas do Vale do Silício e de outras localidades.

Mais de 150 empresas foram beneficiadas pela prática irregular. Entre elas, empresas de tecnologia, varejistas on-line, sites de entretenimento, montadoras e organizações de mídia. Em alguns casos, o intercâmbio de informações vinha ocorrendo desde 2010.

A partir dessa troca de informações, tanto o Facebook quanto as empresas que tiveram acesso aos dados foram beneficiadas. A rede social ganhou adesões e aumentou sua receita publicitária, enquanto as empresas que tinham acesso aos dados adaptavam seus produtos ao perfil dos internautas – fato que só foi possível com os dados sigilosos disponibilizados pelo Facebook.

Empresas como a Netflix e o Spotify conseguiram ler mensagens privadas dos usuários do Facebook. A Amazon, por exemplo, teve acesso aos nomes de usuários e informações de contato de todos os amigos das pessoas cadastradas na rede.

A matéria destaca ainda que esse tipo de negociação encontrou um terreno fértil nos Estados Unidos devido à inexistência de uma lei geral de privacidade do consumidor, deixando as empresas de tecnologia livres para gerar receita com a maioria dos tipos de informações pessoais, desde que não induzam em erro seus usuários. Já na Europa, devido ao rigor da Lei Geral de Proteção de Dados, esse tipo de iniciativa não seria viável.

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