O Canal Meio divulgou mais um escândalo envolvendo o Facebook, dessa vez na Europa. Segundo a publicação, o parlamento britânico tornou público um relatório de 250 páginas que abre uma série de e-mails internos do Facebook. No conjunto, esses e-mails revelam muito de como a gerência da companhia pensa ou pensou, ao longo dos anos. Os MPs, membros da Câmara dos Comuns, receberam este material selado há um mês, parte das provas apresentadas à Justiça num processo que envolvia a rede social. São e-mails muitas vezes soltos, sem contexto, que tiveram de ser interpretados.
Em 2015, por exemplo, a rede social bloqueou o acesso por apps a detalhes de amigos dos amigos. Até ali, um app de quiz tolo para o qual o usuário desse ok poderia recolher não apenas os dados pessoais de quem autorizou como também os de todos seus amigos. Esta permissão é que está por trás do escândalo da Cambridge Analytica e a defesa do Facebook tem sido de que, ao perceber o problema, bloqueou esta possibilidade. Não é fato. Foram abertas exceções para algumas empresas como, pelo menos, Netflix, Airbnb, a concorrente do Uber Lyft e a chinesa Badoo. Não há qualquer pista sobre os critérios utilizados pela companhia para autorizar este acesso.
Outra decisão polêmica, que se tornou de conhecimento público em março, foi a de que o app Facebook nos celulares Android recolhia informação sobre telefonemas feitos, quanto tempo duravam e para quem, assim como trocas de SMS, sem que os usuários o soubessem. A conversa interna dentre os executivos deixa claro que sabiam o que estavam fazendo. “O risco, do ponto de vista das relações públicas, é alto”, afirmou um gerente. Se convenceram de que o risco valia correr dado o volume de dados sobre o comportamento de cada um seria recolhido.
Desde 2013, a companhia se aproveitou dos usuários de iPhone que tinham o app Onavo instalado. Sem que seus donos soubessem, secretamente o aplicativo informava ao Facebook quais eram os padrões de uso de cada um: que apps tinham instalados, quais eram usados, e por quanto tempo. A informação era utilizada para a companhia mapear seus principais concorrentes pela atenção de cada usuário com o rosto no celular.
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