As modalidades de golpes virtuais se diversificam e fazem aumentar o número de vítimas diariamente. Segundo o E-bit, no relatório Webshoppers, a previsão de faturamento do e-commerce no Brasil em 2018 deverá ultrapassar os R$ 53 bilhões – um aumento de 12% em comparação com 2017. Entretanto, diante do crescimento das negociações digitais, aumentou também o número de vítimas dos criminosos que agem na internet.

Segundo o DFNDR Lab, no primeiro trimestre de 2018 ocorreram mais de 56 milhões de tentativas de golpes e cyberataques por meio de links maliciosos somente no Brasil. São mais de 26 mil tentativas de fraude por dia. E, por pouco, a jornalista Karla Dudas não engrossou as estatísticas. No domingo (14), ela anunciou uma câmera fotográfica profissional para venda no site Mercado Livre e quase ficou no prejuízo.

Menos de 24 horas depois de divulgar o equipamento, uma Nikkon D3100, ela recebeu dois contatos de pessoas interessadas no produto. Entretanto, esses possíveis compradores pediram à jornalista um e-mail pessoal para contato sob a alegação de ter perdido o link original do site do Mercado Livre. “Uma das interessadas agradeceu prontamente o envio, finalizou a compra e, no mesmo momento, recebi um e-mail do Mercado Livre”, relata Karla.

Desconfianças

Mas a jornalista conta que começou a estranhar ao constatar que esse e-mail de contato era a única “comprovação” da negociação. Na conta do Mercado Livre, tudo continuava igual, como se nada tivesse sido vendido. Foi aí que Karla notou outra questão que a deixou ainda mais confusa: o e-mail de contato era do Gmail (equipe24.mercadolivre@gmail.com). Ao fazer uma pesquisa com o CPF da suposta compradora, ela percebeu se tratar de um golpe, pois já constavam outras reclamações desse CPF. “Ela também me passou um celular e, na foto do WhatsApp, aparecia a imagem de uma família”, explica Karla, que tentou se certificar junto ao Mercado Livre, mas o site não deu o suporte necessário.

Orientações

O advogado Guilherme Guimarães, especialista em Direito Digital e Segurança da Informação, alerta para que sejam evitadas quaisquer negociações fora das plataformas oficiais, como é o caso do Mercado Livre. “Deve-se desconfiar de qualquer contato externo. Esse é o primeiro indício de um golpe”, enfatiza.

Guimarães explica que os termos e condições do Mercado Livre vetam qualquer tipo de contato direto entre o comprador e o vendedor, assim como a divulgação de dados pessoais para contato nas negociações. “Além de ser uma forma de o site monitorar as comercializações realizadas por intermédio da plataforma, onde recebe percentuais de tudo o que é vendido, é uma estratégia para evitar que esses golpes ocorram”, orienta.

Para quem não seguiu essas regras e acabou caindo em um golpe virtual, o advogado recomenda registrar um boletim de ocorrência, informando todos os dados possíveis, assim como e-mails, links e outros canais de contato. “Esses dados serão importantes numa futura investigação”, afirma.

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